O II Fórum Inec Cidadania, evento que aconteceu na última quinta-feira (30), no Centro de Formação Capacitação e Pesquisa Frei Humberto, em Fortaleza, reuniu mais de 130 pessoas, entre agentes, lideranças sociais e comunitárias, estudantes e beneficiários dos projetos socioambientais promovidos pelo Instituto Nordeste Cidadania (Inec). O objetivo neste ano foi debater temas como protagonismo juvenil, desenvolvimento comunitário, geração de renda, economia criativa e participação social.
O evento contou com a participação de Wanessa Brandão, coordenadora especial da Secretaria de Políticas Públicas para a Igualdade Racial; e Léo Suricate, músico, influenciador digital, produtor audiovisual, articulador cultural e cocriador dos coletivos “Suricate Seboso” e “Vetinflix”, que narram e principalmente inspiram o cotidiano de jovens das periferias do estado. Ambos compartilharam um pouco de suas trajetórias como forma de inspirar e incentivar a juventude a ocupar e disputar espaços, impor suas vozes e assumir seus lugares de agentes da transformação e do desenvolvimento sustentável.
Juventude, protagonismo e desenvolvimento em comunidade – 2ª edição do Fórum Inec de Cidadania
Para Wanessa, não é possível conversar sobre juventude e desenvolvimento sustentável sem falar das trajetórias individuais e coletivas dos jovens. “É importante falar das nossas trajetórias porque, muitas vezes, enquanto juventude, a gente não se sente parte, a gente não se sente importante nos espaços. É como se as nossas trajetórias fossem invisibilizadas, mas elas são importantes para dizer que nós podemos disputar espaços”.
Segundo a pesquisadora, quando o jovem, principalmente o de periferia, tem atuação ativa na sua comunidade, no movimento estudantil e em outros diversos espaços, ele movimenta toda uma estrutura que envolve suas famílias, seus vizinhos, sua comunidade. “Promover um futuro sustentável também é fazer com que as comunidades entendam caminhos de possibilidades. Os nossos sonhos são públicos, e a gente pode realizar, se tiver direcionamento possível, se tiver instituições que apostem nos territórios, se a gente tiver oportunidades de acessar. Quando você acessa um espaço, não é só você que está lá. São os seus ancestrais que tentaram para você estar lá. É a tua família que está te levando lá. Então, é preciso que a gente acesse as oportunidades com qualidade. Que a gente enxergue caminhos possíveis, projetos de vida. E que possa ter a qualidade necessária para estar no local onde quiser estar”, complementou.
Além da relação das oportunidades com a situação financeira, territorial e social dos jovens, os participantes também levantaram a discussão sobre o recorte racial, que também perpassa a atuação da juventude em espaços de tomada de decisões e mobilização social.
Para Léo, jovens negros são constantemente vistos como alvo. O influencer conta que fazer parte da cultura, do movimento social e estar na internet, funcionou, muitas vezes, como um colete salva-vidas.
“A gente não ser mais um alvo faz com que a gente possa começar a transitar entre vários grupos que a gente não fazia parte. Já que estamos falando no assunto sustentabilidade, como é que a gente vai sustentar esse futuro? Com jovens sendo mortos pelo estado, pela polícia, por causa da sua cor?”, questiona o influenciador.
Vivências pedagógicas
A segunda parte do evento se dedicou às oficinas em quatro eixos:
- Economia criativa
- Orientação profissional
- Mídias digitais e geração de renda
- Participação social para o desenvolvimento comunitário
Como resultado, cada oficina apresentou um produto final que sintetizava o que foi explanado durante a reunião. Desde apresentação musical com um côco composto e apresentado pela turma de economia criativa. Já a turma de participação social apresentou fanzines que mostravam o que acontecia no bairro, mas não devia. Bem como a turma de orientação profissional, que expôs as contradições que existem entre a ideia de sonho e trabalho. Por fim, a turma de mídias digitais mostrou o projeto de criação de um perfil de influenciadores, pensado durante a oficina. Em síntese, o objetivo do II Fórum foi oferecer e trocar conhecimentos e experiências que evidenciem como os jovens podem contribuir para a promoção da cidadania e o desenvolvimento dos territórios onde vivem.
Para Stélio Gama, diretor presidente do Inec, reunir todos esses jovens reflete a preocupação do Instituto em promover o protagonismo juvenil e das comunidades. Na ocasião, também foram apresentados todos os projetos socioambientais mantidos pelo Inec em 11 municípios do Ceará. São projetos na área da cultura, inclusão social e digital, capacitação, educação, incentivo à leitura, desenvolvimento comunitário e outros.
Além disso, ao final do evento, a diretora de Desenvolvimento Humano e Socioambiental, Ana Maria Xavier, foi homenageada com uma cesta de produtos locais trazidos do Alagamar. Na ocasião, a diretora pontuou a importância desse momento de partilha com os beneficiários dos projetos da área socioambiental do Inec e a sociedade civil, oportunizado pela segunda edição do fórum e anunciou a próxima edição em 2024.